Nem o próprio governo sintetizaria tão bem os nobilíssimos objetivos de seu programa. Eis aí. Estamos diante de uma vitória intelectual: a vitória intelectual do atraso. São 45 milhões os atendidos? E quantos são os que votam? Dá para perceber um motivo claro da fortuna eleitoral de Lula.
Reitero o que escrevi aqui há dias: já ninguém mais fala em portas de saída para o Bolsa Família. Ao contrário: o Ministério do Desenvolvimento Social orgulha-se de estar ampliando o programa. Gasta-se coisa de pouco mais de R$ 8 bilhões por ano para manter azeitada a Indústria da Miséria — perto da qual a antes demonizada “Indústria da Seca” era coisa de amadores.
O apelo, sem dúvida, é forte: “Vamos fazer o quê? Deixar as pessoas morrer de fome?” Com indagações broncas como essas, Lula vai levando adiante a sua mistificação. A questão, desde sempre, não é fazer ou não fazer assistencialismo. Faça-se. Mas se reconheça o caráter do programa para que outras ações de inserção social sejam postas em curso.
Ora, se os assistidos não forem estimulados a buscar as portas de saída — e o Estado pode entrar na jogada, incentivando que encontrem uma atividade econômica —, é evidente que a situação tende para a inércia, não é?
As oposições não farão esta crítica porque Lula vai acusá-las — já sugere hoje — de querer extinguir o Bolsa Família. Restaria à imprensa demonstrar o buraco sem fundo em que estamos nos metendo. Mas isso também não vai acontecer, a não ser nos casos excepcionais de sempre.
A tese antes cultivada no núcleo duro do PT de que as críticas a Lula decorrem do preconceito contra um “operário” (desde quando ele não é mais?), um homem de origem humilde, foi agora adotada pelo jacobinismo midiático.
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