quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A pobreza aumenta

Foto Estadão

Um em cada quatro brasileiros recebe o Bolsa-Família. Programa social sem porta de saída atende 45 milhões de pessoas, metade delas no Nordeste e o governo quer ampliar. Segundo estudo divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Social, a população atendida pelo Programa Bolsa Família é de cerca de 45 milhões de pessoas, quase um quarto do total do País.Veja os números da pesquisa

Bolsa-Família a servidores com salário de até R$ 1,3 mil

Foto do Dia. Paulo Pinto/ AE

Oeiras do Pará se destaca na gestão irregular de verba federal

Obras superfaturadas, licitações irregulares e concessão do Bolsa-Família a servidores com salário de até R$ 1,3 mil. Na foto, a Secretaria de Infra-estrutura da cidade. AQUI

Após 6 dias, desabrigados em SC reclamam por comida e ajuda

Tornado passou pela região oeste do Estado e arrasou cidades; milhares foram afetados pelo temporal na 2ª

ABERLARDO LUZ, Santa Catarina - Passados seis dias do tornado devastador que atingiu municípios da região oeste de Santa Catarina, as vítimas tentam retornar ao ritmo de vida normal, limpando e consertando as casas ou refazendo a rotina nos abrigos. A ajuda prometida de cestas básicas e liberação de verbas, no entanto, ainda não se efetivaram, agravando ainda mais a vida de quem perdeu tudo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Bolsa cultura: Dois mil anos depois: - ao povo, pão e circo!

Klauber Cristofen Pires

O lulo-petismo-bolivariano acaba de anunciar a criação do bolsa-cultura, mais um engodo eleitoreiro neste país que tem um verdadeiro fetiche por vales. Para quem ainda não sabe do que se trata, o benefício atenderá trabalhadores que ganhem de um a cinco salários mínimos e que talvez seja estendido, em menor proporção, aos assalariados que ultrapassem este limite, por meio da entrega de um cartão eletrônico, carregado com um valor que deverá ser fixado em cerca de R$ 50,00, para realizar despesas tais como o ingresso em cinemas, teatros, e aquisição de livros ou CD's. De acordo com o projeto de lei, o trabalhador deverá contribuir com alguma parcela, que será progressiva, entre 10% e 90%, e o empresariado deverá ser compensado com deduções fiscais.

Mais uma vez, o estado (sim, escrevo - e corretamente - "estado" com inicial minúscula!) vem com a sua pena de chumbo ditar o que o povo deve fazer com o seu dinheiro.

Analisando os artigos e comentários extraídos da internet, percebe-se a confusão mental dos que pretendem dar o seu pitaco: uns julgam que é bom, mas deve haver uma severa fiscalização (não dizem sobre o quê fiscalizar), outros reclamam que os eventos culturais a serem escolhidos pelas pessoas não terão conteúdo educativo, e assim por diante.

Tais palpites já evidenciam em si próprios os perigos que eles mesmos propõem: mais futura intervenção estatal! Se hoje a meta é instituir o vale-circo, amanhã medidas "corretivas" haverão de ser tomadas, e isto pode incluir orientar a validade do cartão apenas para programas nacionais ou de conteúdo educativo (leia-se "ideologicamente doutrinatório"), bem como o de criar um órgão, repleto de conselheiros e fiscais barbudos com os bolsos regiamente engordados à base de muito DAS para lidarem com um problema que foi deliberadamente criado pelo próprio governo.

Há algum tempo atrás, eu fazia pequenas contribuições ao IBH - Instituto Brasileiro de Humanidades, e sobre as quais eu podia obter deduções do IRPF, por efetuar doações a uma entidade cultural sem fins lucrativos. No ano seguinte, porém, talvez por ter percebido que a instituição possuía vínculos com o filósofo Olavo de Carvalho, bem como por possivelmente haver outros casos semelhantes e que não lhe fosse do agrado, o governo passou a vincular as deduções apenas a entidades que obtivessem a sua prévia aprovação. Não é de estranhar, pois, que o mesmo se suceda futuramente com o indigitado cartão.

A classe artística, é claro, só aplaude. Se antes, mesmo com os fartos recursos públicos sobre os quais nem sempre, ou melhor, freqüentemente - está bem, quase nunca(!) - são prestadas as devidas contas, os filmes e espetáculos caboclos se apresentavam às pulgas, agora o governo enfim encontrou a solução final: vai pagar-lhes também a platéia. Deveria também se preocupar em pagar os macacos de auditório que com suas placas instruíssem o povão a aplaudir, a rir ou a chorar. Assim o pacote ficaria completo.

Agora, entremos no xis da questão, até então olvidada por quase toda a gente: em um país em que a poupança é uma lenda e em que faltam recursos para toda sorte de investimentos - refiro-me tanto aos públicos quanto aos privados - não trata mais esta benesse uma nova fonte de desperdícios para os já escassos recursos nacionais? Vejamos, senão, o que nos ensina o filósofo e economista Hans Hermann Hoppe em "Uma Teoria sobre o Socialismo e o Capitalismo"[i]:

Por uma razão, ao analisarmos diferentes tipos de socialismo para os quais existem exemplos reais e históricos, (exemplos os quais, certa e freqüentemente, não são chamados de socialismo, mas que aos quais se dá um nome mais apelativo), é importante explicar por que, e de que modo, qualquer intervenção, pequena ou grande, em qualquer lugar, aqui ou ali, produz um efeito particularmente disruptivo na estrutura social que um observador teoricamente não capacitado, superficial, cegado por uma conseqüência imediatamente positiva de uma intervenção particular, pode não perceber. Ainda assim, este efeito negativo, todavia, existe, e com certo atraso irá causar problemas em um lugar diferente na estrutura social, mais numerosos ou severos que os primeiros resolvidos pelo ato de intervenção inicial. Conseqüentemente temos, por exemplo, efeitos positivos altamente visíveis das políticas socialistas tais como "alimentos baratos", "aluguéis baixos", isto ou aquilo "grátis", que não são apenas coisas positivas flutuando no ar, desconectadas de qualquer coisa, mas antes, são fenômenos que têm de ser pagos de alguma forma: pela escassez ou queda na qualidade dos alimentos, pelo déficit habitacional, decadência e favelas, filas e corrupção, e adiante, pela queda dos padrões de vida, reduzida formação de capital e/ou aumento de consumo de capital.

O ensinamento do sábio alemão é simples: o dinheiro não é chicle de bola. Aliás, mesmo o chicle, a qualquer momento, estoura! Onde aqui é aplicado, ali vai faltar. Sobretudo, temos de mais uma vez dizer: substituirá o juízo de milhões de pessoas, pelo juízo de um só. Estimando que tal benefício venha a contemplar cerca de 116 milhões de pessoas, ou 34 milhões de assalariados, assim como divulgado por O Globo[ii], um mero cálculo aritmético nos leva ao cirrus de 20,4 bilhões de reais por ano!

Da parte das despesas públicas, enquanto o brasileiro terá dinheiro para comprar ingressos para shows e cinemas (não vou entrar no erro de criticar o que as pessoas desejam assistir ou ouvir), ainda permanecerá dormindo em hospitais à espera de uma senha; ainda terá seus filhos a saírem da escola sem nem sequer lerem corretamente; ainda sentirá aquele baque na coluna pelo ônibus coletivo que bate em seco no buraco, e pior de tudo, ainda terá a sua vida e a dos seus em perigo pela criminalidade que só se expande.

Da parte privada, um universo de possibilidades de produção de bens que possam vir a ser mais urgentemente necessários - segundo o critério de quem entenda os necessitar - será deprimido, com a conseqüente escassez de empregos e o encarecimento dos bens atualmente produzidos.

Digo tudo isto com complacente decepção, pois os entusiastas excedem em muito a mim e os que entendem o que aqui escrevo. Não há dúvidas de que o vale-cultura há de se tornar um reforço a mais na nova versão do voto-de-cabresto.


Notas: [i] Tradução autorizada de "A Theory of Socialism and Capitalism", cujo download por ser feito a partir da livraria virtual do meu blog LIBERTATUM (http://libertatum.blogspot.com) ou em outros sites que também o hospedam.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Os brasileiros do Bolsa Família abdicaram do direito de sonhar



A incursão pelo universo do Bolsa Família é reveladora e inquietante. Como a diarista, milhões de brasileiros admitem que a vida anda difícil, mas não têm queixas a fazer, muito menos exigências a apresentar: sobreviver é suficiente. Abdicaram do direito de sonhar. Conformam-se com pouco mais que nada.

Por Augusto Nunes

“Primeiro tenho de saber se a patroa deixa”, condicionou Neili dos Santos Ferreira ao ser convidada pela produção do VEJA Entrevista. Liberada pela dona do apartamento de que cuida uma vez por semana, a diarista nascida na Bahia, 39 anos e dois filhos escolheu a melhor roupa, cobriu-se com uma contrafação de casaco de pele, incompatível com a tarde quente, e apareceu no estúdio pronta para contar o que pensa e como vive uma brasileira inscrita no Bolsa Família (clique aqui para ver a parte 1).

Incluído o salário do marido, a renda familiar é de R$1,8 mil. Pelos critérios dos alquimistas federais, pertencem à classe média os quatro brasileiros que, sem dinheiro para a casa própria, moram com a sogra de Neili. Ganha do governo R$ 20 por mês, mas se daria por satisfeita com a metade. ”O Lula é um paizão”, abre o sorriso a diarista, decidida a votar no sucessor escolhido pelo único político em quem confia. ”Ele foi pobre igual à gente”, explica (clique aqui para ver a parte 2).

Não sabe quem é Dilma Rousseff, mas a ministra pode contar com quatro votos se Lula quiser. Ouviu dizer que, se a oposição vencer, o Bolsa Família vai acabar. Não sabe muito sobre o mensalão e outros escândalos. Não lê jornais nem revistas, nunca leu um livro. Anda evitando os noticiários da TV “porque só falam em coisa ruim”. Não vê diferenças entre os partidos, mas se declara fiel ao PT, “que mudou para melhor”. Na última eleição, só votou num candidato a deputado. Não recorda o nome: ”Foi meu irmão que indicou”.

Sempre falta dinheiro no fim do mês. Se ganhasse na loteria, compraria uma casa. Sem tempo nem verba para qualquer tipo de lazer, nunca viu uma peça de teatro e foi ao cinema só uma vez. A filha quer ser cabeleireira, o filho tem jeito para futebol. O que faria se o menino se tornasse um craque internacional? Ajudaria o irmão alcóolatra. Parou de estudar ainda no segundo grau porque não gostava.

Não dá maior importância à formação escolar. Lula, por exemplo, não precisa aprender mais nada para lidar com qualquer problema, até mesmo complicações internacionais. Se for preciso, basta chamar um professor particular. Neili acompanha à distância as bandalheiras no Senado, não entende direito o que está acontecendo. O ser humano é muito ganancioso, generaliza. Num recado a José Sarney, recomenda ao senador que, se tiver culpa no cartório, confesse o que fez e peça desculpas. Lula não tem nada a ver com a confusão, ressalva.

A incursão pelo universo do Bolsa Família é reveladora e inquietante. Como a diarista, milhões de brasileiros admitem que a vida anda difícil, mas não têm queixas a fazer, muito menos exigências a apresentar: sobreviver é suficiente. Abdicaram do direito de sonhar. Conformam-se com pouco mais que nada.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Fome na América Latina


A América Latina precisará de uma década para reduzir a fome da região ao patamar em que se encontrava antes da crise econômica mundial, caso consiga aumentar a produtividade agrícola, afirmaram nesta sexta-feira especialistas da ONU, na Cidade do Panamá.

"Não é nada absurdo pensar que vamos demorar 10 anos para voltar aos níveis anteriores à crise. A situação não é boa", declarou Jaime Vallaure, representante do Escritório da vice-direção executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Agricultura - Segundo especialistas da ONU, a crise afetou a renda real e, com isso, dificultou o acesso a alimentos em quantidade e qualidade, sobretudo nas casas de famílias mais pobres. Para reduzir a fome, a recomendação da FAO é que a região melhore a produção agrícola, facilitando o acesso aos mercados e fomentando a agricultura familiar, que emprega dois em cada três agricultores e da qual dependem cerca de 100 milhões de pessoas.

"Precisamos aumentar o gasto público com agricultura e desenvolvimento rural, ajudando o pequeno produtor com assistência técnica, infraestruturas, mecanismos de microfinanciamento e acesso aos seguros", enumerou Deodoro Roca, salientando que a crise evidenciou os limites e as fragilidades geradas pela ênfase dada à agricultura de exportação, "pois quando os países industrializados entram em crise deixam de importar produtos não essenciais".


Continua... (Com agência France-Presse)

imagem: bazardaboaleitura

Oportunista


Lula hoje chama de ‘ignorante’ quem diz o que ele dizia de programas como o Bolsa Família

O presidente apaixonado por cestas básicas e projetos assistencialistas foi inimigo feroz de programas sociais semelhantes aos que hoje celebra. Ao trocar a chefia da oposição pelo Planalto, juntou num mesmo balaio as ideias de Ruth Cardoso, inventou o Bolsa Família e mudou de ideia.

Na primeira parte da gravação, Lula qualifica de ”ignorantes” e “imbecis” todos os brasileiros que dizem exatamente o que ele dizia em 2000. Confira mais um minuto muito pedagógico: a hostilidade pode transformar-se em amor. Principalmente se render votos.

Pesquisa mede impacto eleitoral do Bolsa-Família

Governo amplia programa Bolsa Família a 1 mês da eleição; 2008